Dez entre dez crianças a-do-ram chocolate. Por isso é tão
difícil dar um breque na comilança. Como encontrar o meio-termo e tirar o
melhor proveito da guloseima, que, sim, está cheia de atributos.
Tem para todos os gostos — branco, ao leite, recheado,
amargo, crocante... As versões também são variadíssimas — barras, bombons,
balas, pirulitos, brigadeiros, sorvetes... Se dependesse das crianças, a frase
“todo dia é dia, toda hora é hora” seria lei.
Sorte delas que o chocolate não é nenhum
vilão. Na verdade, está lotado de nutrientes. Mas daí a ganharem passe livre
para se empanturrar vai uma loooonga distância. No ranking dos especialistas, o
chocolate amargo ocupa lugar de honra. E com muita razão. Ele é rico em
ingredientes benéficos. Para começar, concentra boa quantidade de flavonóides,
substâncias antioxidantes que reduzem o risco de doenças cardiovasculares.
Ótimo para os adultos e, por tabela, para os pequenos também.
Como se fosse pouco, apresenta propriedades
antiinflamatórias, além de melhorar o humor e dar o maior pique. Nem mesmo os
pequenos, que têm energia pra dar e vender, podem abrir mão desse combustível.
Só que, na preferência infantil, a versão amarga perde para a textura macia e o
sabor adocicado do chocolate ao leite e companhia. E é aí que mora o perigo. No
processo de fabricação desses tipos, entram as maléficas gorduras saturadas. A
versão diet só se diferencia por não conter sacarose. Então, está liberada para
os diabéticos. Já o orgânico não tem nenhum tipo de aditivo químico na sua
composição. Sem dúvida, é um ponto a favor deste último, mas... infelizmente,
as tais moléculas gordurosas, nada saudáveis, também marcam presença. Por causa
também do teor elevado de açúcar, o exagero pode levar à obesidade e aumentar a
incidência de cáries.
E qual seria, então, a frequência de consumo ideal? O melhor
é evitar comer todo dia. A guloseima pode, sim, ser ingerida
diariamente, desde que em pequenas porções. A dica é partir uma barra em
pedacinhos e oferecer um pouco por vez. Para não deixar nenhuma margem a
dúvidas os especialistas em nutrição infantil resume: Criança tem que ter
hábito alimentar saudável, com ingestão de frutas, verduras, legumes e pouca
gordura. Sinal verde, mas sem exageros.
E há outra coisa em que os experts concordam: quantidade
permitida. Para eles, 30 gramas por dia está o.k., desde que a criança não
esteja acima do peso. Essa medida corresponde a uma barrinha de chocolate, o
que soma cerca de 160 calorias. Porém, se é difícil domar o ponteiro da
balança, consulte um especialista. Ninguém melhor do que ele para dizer como e
quando incluir a guloseima no cardápio do seu filho. Outra questão que enche de
pontos de interrogação a cabeça dos pais: qual a melhor idade para liberar a
iguaria?
A partir de 1 ano. O que pode causar problemas é o modo como
o chocolate entra na dieta. Uma regra de ouro é oferecer a guloseima como
sobremesa. Explica-se: como contém açúcar refinado, de rápida absorção, ela faz
subir rápido a quantidade de glicose no sangue se for ingerida no meio da
tarde, por exemplo. Para dar conta de retirar o excesso de açúcar e
transportá-lo para o interior das células, o pâncreas é obrigado a produzir
altas doses de insulina, o hormônio responsável por essa “carona”. Tão
rapidamente quanto subiu, porém, a taxa glicêmica volta a cair, gerando um
quadro de hipoglicemia. E aí até uma ligeira tontura pode ocorrer. Sem contar
que a fome chega com força total, o que acaba levando um aumento na ingestão de
calorias e, consequentemente, aos quilos a mais. Outro erro comum é fazer do
chocolate uma moeda de troca para a criança raspar o prato. Transformar o doce
em prêmio é estimular maus hábitos alimentares. A criança tem que
aprender desde cedo a comer de tudo um pouco.
Mamãe, me dá! Ir ao supermercado com o filho é sinônimo de
encher o carrinho com os mais variados tipos de chocolate. Para evitar reprises
e ajudar você nessa doce tarefa, os especialistas sugerem que na hora de
escolher entre as centenas de produtos que lotam as prateleiras.
• Prefira os chocolates sem avelã, amendoim, castanha e
nozes. Além de mais difíceis de digerir, chegam a ser mais calóricos do que
aqueles à base de leite.
• Embora as crianças adorem, evite também os cobertos de
marshmallow — verdadeiras bombas calóricas.
• Já os tipos recheados com cereais, como aveia, são uma boa
pedida. Por causa da fibras, saciam por mais tempo a vontade de comer doce.
• Chocolate que não se desmancha na boca tem pouquíssimo
cacau e grande quantidade de gordura e açúcar. Passe longe!